Três experiências:
Experiência UM – Secagem no forno:
Ganhei alguns frutos de cacau e resolvi fazer chocolate com eles pela segunda vez na minha vida. Abri as cascas e retirei as amêndoas espalhando num tabuleiro grande. Desta vez deixei secarem no forno à 140 graus pois os dias estavam chuvosos. Deixava uns 15 minutos, desligava, depois ligava de novo, e fui fazendo assim, com cuidado para não queimar, mexendo com uma espátula de vez em quando. Quando as amêndoas ficaram com uma bela cor marrom, retirei do forno, e à medida que iam esfriando, fui tirando a casca. Tinha o suficiente para fazer algumas experiências!
Na segunda queima usei o tabuleiro da esquerda que é de alumínio claro. O resultado será melhor, pois no tabuleiro escuro as amêndoas quase queimaram.
As amêndoas com casca à esquerda, sem casca no meio e as cascas à direita.
Com um moedor elétrico de café moí as amêndoas até deixá-las em pó.
Bati no liquidificador o pó com leite e açúcar, depois levei para a panela com um pouco de manteiga, no fogo médio, e mexi até descolar do fundo. Por fim espalhei sobre o bolo de cenoura!
É um gosto diferente, sem dúvida, mas é maravilhoso comer um chocolate caseiro sabendo que não tem gordura hidrogenada nem outros produtos químicos!
Experiência DOIS – Secagem ao sol:
Quando outros frutos amadureceram, tirei as sementes e coloquei para secar ao sol. Ficaram alguns dias ali, no tabuleiro de alumínio, até secarem bem. As cascas estalam e saem fácil.
À direita está a aparência das amêndoas descascadas. Igual às torradas lentamente no forno:
O cacau pronto, em pó, sem leite nem açúcar:
Experiência TRÊS – Fermentação:
Nada como pesquisar sobre um assunto! Descobri que a parte mais importante do processo de preparar o cacau é a fermentação. É ela que vai dar o gosto do chocolate e suas variações. Existem vários sites do governo e organizações que explicam esse processo. Vou contar aqui como me adaptei às fases da fermentação, com coisas que eu tinha por perto.
Depois de abrir os frutos e tirar as sementes, despejei-as numa panela de barro forrada com folhas de bananeira. Usei uma panela de barro para substituir os cochos de madeira que os sites indicam pois as de ferro ou alumínio não me pareciam adequadas. Depois que estavam ali cercadas pelas folhas de bananeira por todos os lados, tampei e deixei quatro dias fermentando…
Já no segundo dia comecei a sentir um cheiro de vinagre adocicado que se espalhava pela área de serviço. As sementes passavam por uma fase importante, deixavam de ser sementes e se tornavam amêndoas pois o embrião, que daria uma árvore se plantada, estava morto. Durante esta fase da fermentação, bolhas se formaram entre as sementes. Não vou me estender aqui explicando o processo químico pois os sites explicam bem, e eu certamente não saberia fazer igual. Enfim, estava tudo correndo bem.
No quarto dia retirei as folhas de bananeira revolvendo as sementes. Durante três dias fiquei mexendo a cada oito, dez horas, puxando as amêndoas de baixo para cima e vice versa, deixando a panela coberta apenas por um pano limpo.
No sétimo dia derramei as sementes num tabuleiro de alumínio e levei pro sol. De noite guardava dentro de casa cobrindo o tabuleiro com o pano. Durante quatro dias elas tomaram sol e foram escurecendo. Uma espécie de mofo muito fino se formou sobre algumas cascas mas li que alguns fungos são normais e desejados.
Estou agora na fase de abrir as cascas e retirar a amêndoa. Dá muito trabalho mas é gostoso saber que depois comeremos chocolate feito em casa.
O cheiro é bem diferente das experiências anteriores. Já se percebe o chocolate! Depois de descascadas vou moê-las e dissolver no leite para descobrir o sabor. Em seguida o resto do cacau moído vai pro liquidificador com leite e açúcar durante dez minutos, depois ao fogo numa panela mexendo sempre até desgrudar do fundo.
Aí será a hora de derramar em forminhas formando os tabletes, e NHAC!
Tenho Uma Coisa Para Te Contar 